Começou ontem a Novena de Pentecostes


Pax et bonum!

Iniciou ontem (14 de maio) em todo o orbe católico (ao menos deveria ser) a Novena de Pentecostes. A mesma tem claro mandato na Encíclica Divinum illud munus, do Papa Leão XIII, de 9 de maio de 1897, sobre a presença e a virtude admiráveis do Espírito Santo.
Nela está escrito:
Vede, veneráveis irmãos, os nossos avisos e exortações sobre a devoção ao Espírito Santo, e não duvidemos que, principalmente por virtude de vosso trabalho e solicitude, se hão de produzir frutos salutares no povo cristão. Certo que jamais faltará nossa obra em coisa de tão grande importância; mais ainda, temos a intenção de fomentar esse tão formoso sentimento de piedade por aqueles modos que julgarmos mais convenientes para tal fim. Entretanto, posto que Nós, agora há dois anos, por meio do breve Provida Matris, recomendamos aos católicos, para a solenidade de Pentecostes, algumas orações especiais a fim de suplicar pelo cumprimento da unidade cristã, cabe-nos agora acrescentar algo mais. Decretamos, portanto, e ordenamos que em todo o orbe católico, no corrente ano e em todos os anos subsequentes, se celebre uma novena pública antes de Pentecostes em todas as Igrejas paroquiais e, também, nos demais templos e oratórios, a juízo dos Ordinários.
Entende-se que uma importante intenção da novena, no breve Provida Matris, é rezar pela unidade dos cristãos. Esta intenção, embora sempre presente na Igreja, teve manifestações mais claras em meios católicos e protestantes desde o séc. XVIII.
Sabendo, pois, que o Espírito Santo ensina a verdade, santifica e reúne num só corpo, devemos rezar para que todos os que se encontram no erro sejam iluminados pela verdadeira fé e juntos adorem ao Deus verdadeiro, congregados num só rebanho.
De Leão XIII são 3 documentos, em particular, que tratam do assunto:
- Provida Matris caritate (1895)
- Divinum illud munus (1897)
- Ad fovendum christiano populo (1902)


Papel importante teve a Beata Elena Guerra, que escreveu várias cartas ao papa Leão XIII, baseando-se em revelações privadas que lhe fizeram pedir ao papa alguma ação para que o Espírito Santo fosse mais conhecido pelos fieis. Considera-se que os três documentos citados acima são respostas do papa a este apelo.
A mesma beata escreveu um livro chamado Manuale di Preghiere allo Spirito Santo.
Nos anos 60 do século passado, encontramos uma referência à Novena de Pentecostes pelo Beato João XXIII, na Carta Novem per dies, onde pediu que, naquele ano, a Novena de Pentecostes fosse rezada pelo Concílio Vaticano II, que estava acontecendo. No início da carta o Papa fala:
O recolhimento universal da Igreja em suplicante expectativa do Espírito Santo nos nove dias que precedem a grande solenidade de Pentecostes renova no espírito comovido a recordação da trépida vigília do cenáculo, com a imagem dos apóstolos, unidos em confiante oração ao redor da Virgem santíssima: "Todos estes, unânimes, perseveravam na oração com algumas mulheres, entre as quais Maria, a mãe de Jesus, e com os irmãos dele" (At 1,14).
Rezar pela unidade dos cristãos exige recordarmos o contexto da descida do Espírito Santo em Pentecostes:
- o cenáculo, sala da última Ceia, lugar de instituição da Eucaristia e do Sacerdócio;
- os apóstolos, enviados por Cristo a ensinar todos os povos e a torná-los seus discípulos;
- a Virgem Maria, genitora de Cristo e mãe de todos os fieis na ordem da graça.
É daí que sai o primeiro a anunciar e a converter uma multidão: Simão Pedro, a quem o Senhor mandou confirmar os irmãos na fé.
Aproveito e transcrevo um dito do Manuale da Beata Elena, chamada de Apóstola ou Missionária do Espírito Santo:
Esperemos, ó Cristãos, e com fervor rezemos para que novas multidões se convertam à verdadeira Fé, novas nações preencham e dilatem os tabernáculos da Santa Igreja e um novo Pente­costes chame a ela os filhos transviados do cisma e da heresia, e todos num só coração e numa só voz entoem ao Espírito Santificador o hino do louvor, do amor e da eterna gratidão.
Feliz e Santa Novena!

Por Luís Augusto - membro da ARS

Obs: desde o séc. XIX há iniciativas de oração pela unidade dos cristãos. Aos poucos estas foram dando origem à Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. O Vaticano a recorda em janeiro. Aqui no Brasil é celebrada na semana que antecede Pentecostes. Neste ano começa amanhã (Solenidade da Ascensão do Senhor, no Brasil) e termina no dia 23 (Solenidade de Pentecostes).
Neste ano o lema é "Vós sois as testemunhas destas coisas" (Lc 24, 48).
Permanece a importante intenção de rezar pela unidade dos Cristãos, mas infelizmente a Semana parece ter obscurecido a novena de Pentecostes, nos países em que é celebrada nestes dias. O olhar, que era voltado para Deus, corre o risco de estar voltado para os homens.

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