Oportet celebrare

Pax et bonum!

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É PRECISO CELEBRAR

No último domingo conversamos sobre a necessidade de crer. Falemos, agora, da importância de celebrar, de acordo com a fé.
Ora, é desde a Antiga e Primeira Aliança que Deus convoca o povo para formar uma santa assembléia. Este culto estava intimamente ligado à liberdade/libertação do povo: “deixa ir o meu povo, para que ele me preste um culto” (Ex 8,1), mandava Deus que Moisés dissesse ao Faraó. Logo após dar a Moisés os mandamentos, Deus mostrou a ele a imagem do templo, do culto, dos paramentos e de muitas coisas do serviço sagrado. Ao descer do monte, Moisés exortou o povo a trazer ofertas para a execução de tudo o que tinha contemplado. Belo é o testemunho dos homens prudentes que ajudavam Moisés: “O povo traz muito mais do que é necessário para a execução do trabalho que o Senhor ordenou” (Ex 36,5).
Várias ainda são as vezes em que os profetas contemplaram a liturgia celeste! Inspiradora, por exemplo, é a visão de Isaías, que só podia lhe suscitar vivos sentimentos de admiração e contrição: “eu vi o Senhor sentado num trono muito elevado; as franjas de seu manto enchiam o templo. Os serafins se mantinham junto dele. Suas vozes se revezavam e diziam: Santo, santo, santo é o Senhor Deus do universo! A terra inteira proclama a sua glória! A este brado as portas estremeceram em seus gonzos e a casa, encheu-se de fumo” (Is 6,1b-2a.3-4).
Nosso Senhor Jesus Cristo, cumprimento de toda profecia, Verbo Divino, é ele mesmo a realidade indicada na Antiga Aliança por tantos sinais e figuras. Sobressai a imagem do Cordeiro pascal, imolado no memorial da libertação do povo. Não é à toa que São João Batista bradou: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). Mais tarde, depois que Cristo “ao preço do próprio sangue na cruz, restabeleceu a paz a tudo quanto existe na terra e nos céus” (Cl 1,20), foi a vez de São Paulo: “Cristo, nossa Páscoa, foi imolado” (1Cor 5,7).
Deus sempre operou a salvação considerando o homem inteiro, tal qual o criou: alma e corpo. Esta é a razão pela qual estabeleceu uma liturgia que não é apenas invisível, espiritual, sobrenatural. Eis a raiz da economia sacramental de Deus: a sua graça é operada através de sinais visíveis, relacionados a realidades tão simples da vida do homem, como, no caso da Eucaristia, o comer, o beber, o alimentar-se, o fortificar-se, o alegrar-se.
Nossa alma, portanto, deve considerar a realidade visível do sinal e a invisível da graça: o Senhor onipotente, Jesus Cristo, Deus e homem, estabelece um sacrifício com pão e vinho, no qual perpetua sua entrega única no altar da cruz! E não só isso! A oferenda - ele mesmo no pão e no vinho - é ainda alimento nosso. A mesma celebração que eleva o louvor e a adoração a Deus, faz descer o Pão dos Anjos para nos alimentar!
Nós somos santificados “pela oblação do corpo de Jesus Cristo” (Hb 10,10): este é o mistério vivido na Santa Missa.
Que tal você manifestar melhor a fé inequívoca na presença do Senhor no Santíssimo Sacramento na celebração? Chegar mais cedo à igreja, preparar-se para a Missa, dar o máximo da atenção a tão sagrado momento, comungar de joelhos, manter-se em íntimo colóquio com o Senhor após a Missa, sempre saudá-lo no sacrário, procurar participar da Adoração ao Santíssimo... Quantas coisas, por exemplo, podemos aqui recomendar!
Glória ao mesmo Cristo do Céu, da Virgem e do Sacrário!

Luís Augusto Rodrigues Domingues (publicado na edição nº 162, de 10/10/2010)

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