Mencionar ou não o Administrador Diocesano?

Pax et bonum!

No dia 08, o Colégio de Consultores da Arquidiocese de Teresina reuniu-se para escolher um Administrador Arquidiocesano, até que Deus e o Santo Padre se dignem mandar-nos um Arcebispo. O presbítero eleito foi o Pe. Antônio Soares Batista, popularmente conhecido como Pe. Tony.
Bem, a dúvida que talvez esteja pairando, e que talvez está presente em outras dioceses também, é: Menciona-se o Administrador (Arqui)diocesano na Oração Eucarística?
Encontrei um texto interessante (e mais um segundo, como comentário, continuação ou apêndice) do conhecido Pe. Edward McNamara, Legionário de Cristo.
O link do original em inglês vai citado no fim da postagem. Disponibilizo uma tradução integral, embora consciente de não ter requerido permissão dos editores (queira Deus que eu não seja penalizado por isto), dada a situação de dúvida, particularmente em minha Arquidiocese (Teresina-PI).

***

Mencionando os Bispos na Oração Eucarística
dois textos do Pe. Edward McNamara, Legionário de Cristo,
professor no Pontifício Ateneu Regina Apostolorum

Tradução por Luís Augusto Rodrigues Domingues

ROMA, 24 de NOVEMBRO de 2009

Pergunta: Durante a Missa, no momento em que se menciona o bispo local, nosso pároco tem o costume de dizer: "Nossos bispos N.N., N.N., N.N." - e menciona o bispo local e outros dois bispos. Assim, ele não faz nenhuma distinção entre o bispo local e outros bispos. Desejo saber se há algum direcionamento nesta matéria. -- P.G., Qormi, Malta.


Resposta: Um artigo precisamente sobre este tema foi publicado em Notitiæ, o órgão oficial da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. O título traduzido, do artigo [publicado] em italiano, escrito por Ivan Grigis, é "Sobre a Menção do Bispo na Oração Eucarística" (Notitiæ 45 (2009) 308-320). Embora seja um estudo e não um decreto oficial, o trabalho reúne toda a documentação oficial sobre o assunto.
O artigo começa pela observação de uma mudança sutil do Missal latino oficial de 2002 nas rubricas da reimpressão de 2008. Na nova versão, o nº 149 da Instrução Geral sobre o Missal Romano (IGMR) foi modificado de modo que um bispo, celebrando fora de sua diocese deveria primeiro mencionar o bispo diocesano e em seguida a si mesmo como “vosso indigno servo”. Originalmente, ele primeira fazia referência a si mesmo e depois ao bispo local.
O autor aduz que esta mudança aparentemente mínima baseia-se num princípio eclesiológico, dado que, após o papa, a comunhão eclesial se estabelece pelo bispo diocesano que, como pastor daquela porção do povo de Deus, convoca-a para a Eucaristia. Portanto, qualquer um que legitimamente preside a Eucaristia, sempre o faz em nome do pastor local e em comunhão com ele.
Outra mudança no Missal reimpresso é a nota de rodapé na parte correspondente de cada Oração Eucarística explicando a menção opcional de outros bispos. A nota de 2002 diz que o coadjutor, o auxiliar ou outro bispo podem ser mencionados como descrito no nº 149 da IGMR. A versão de 2008 elimina a cláusula “outro bispo”. Isto está consistente com o nº 149 da IGMR, que somente prevê a menção do coadjutor ou do auxiliar e exclui a de outros bispos, ainda que presentes na assembleia.
A fim de sumarizar as várias regras, podemos dizer o seguinte:
O bispo diocesano ou seu equivalente sempre deve ser mencionado pelo nome em toda celebração.
Se há apenas um coadjutor ou auxiliar, ele pode ser mencionado pelo nome, se o celebrante desejar.
Se há mais de um auxiliar, devem ser mencionados coletivamente, isto é, “nosso bispo N. e seus bispos auxiliares”. Seus nomes não são nomeados separadamente.
Já que somente os bispos que atualmente possuem autoridade na diocese são mencionados pelo nome, segue-se que nenhum outro bispo é mencionado na Oração Eucarística mesmo que esteja presente e presida a celebração. Neste último caso, o bispo presidente refere-se a si mesmo na Oração Eucarística I e nas outras orações se celebra sozinho. Presbíteros concelebrantes, todavia, não mencionam o nome deste bispo na parte correspondente das outras Orações Eucarísticas.
Em tais casos, uma prece pelo bispo celebrante poderia ser incluída na Oração dos Fieis.
Além do citado artigo, poderíamos mencionar alguns casos especiais. Os padres que celebram em Roma podem simplesmente dizer “nosso Papa N.” e omitir qualquer outra referência ao bispo diocesano. Alguns dizem “nosso Papa e Bispo N.”, mas isto não é estritamente necessário, dado que ser Papa e ser Bispo de Roma é uma e a mesma coisa.
Durante um tempo de vacância da sé episcopal, a cláusula “nosso Bispo N.” é simplesmente omitida. O mesmo critério é observado para a menção do papa durante uma sede vacante. O nome de um administrador diocesano temporário não é mencionado.

Fonte: http://www.zenit.org/article-27649?l=english

ROMA, 8 de DEZEMBRO de 2009

Voltando ao artigo Mencionando os Bispos na Oração Eucarística

Seguindo o nosso artigo sobre a menção dos bispos (24/11/09 [o texto acima]), um leitor canonista fez a seguinte observação: “Em relação à menção de um Administrador na Oração Eucarística: já que um administrador diocesano e um administrador apostólico são coisas diferentes, talvez esta distinção não seja do conhecimento de todos os leitores”.
Nosso leitor levantou uma questão válida. Como mencionado pelo site da Conferência dos Bispos dos Estados Unidos, sobre o tema (www.usccb.org/liturgy/innews/603.shtml): “Um administrador apostólico – esteja a sé vacante ou não – com nomeação temporária ou permanente, que é um Bispo e exerce atualmente seu ofício em plenitude, especialmente em matéria espiritual" é nomeado na Oração Eucarística.
Há dois significados possíveis para administrador apostólico.
De acordo com o Cânon 371.2, uma administração apostólica é uma porção do povo de Deus erigida sobre uma base estável mas não como uma diocese, devido a razões especiais e sérias. O administrador pastoral é legalmente equivalente ao bispo diocesano. Há cerca de 10 administrações apostólicas no mundo.
Segundo, o presente artigo usa o termo administrador apostólico para um prelado que o papa nomeia, por razões sérias e especiais, para uma sé vacante ou não, seja por um período ou perpetuamente. Ele poderia ser nomeado sede plena [o contrário de sede vacante] se, por exemplo, o bispo diocesano estivesse incapaz, por enfermidade ou idade avançada. Neste caso, a jurisdição do bispo residente seria suspensa. (O Cânon 312 do Código de 1917 fazia referência aos administradores apostólicos; o atual não faz.)
Como hoje em dia é mais fácil para os bispos se retirarem, em caso de incapacidade, este uso do administrador apostólico é menos comum. A figura é usada, todavia, em algumas ocasiões. Por exemplo: se um bispo é transferido, e a Santa Sé prevê que será preciso um certo tempo para encontrar um sucessor adequado, o próprio antigo bispo ou outro prelado é às vezes nomeado como administrador [apostólico] da diocese, neste entretempo.
Um administrador diocesano, por outro lado, não é mencionado na Oração Eucarística. Ele normalmente é um presbítero que é eleito pelo conselho de consultores para administrar uma sé vacante até que um novo bispo seja apontado e tome posse. O presbítero tem a maioria dos poderes e obrigações do bispo, mas com algumas restrições; e não pode introduzir nenhuma inovação importante.
Por fim, embora implícito em nosso artigo anterior, é digno de nota recordar que o bispo emérito não é mencionado na Oração Eucarística.

Fonte: http://www.zenit.org/article-27775?l=english

Obs: o link citado do site da USCCB só está disponível atualmente no cache do Google: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:ftlqx1Niq1kJ:www.usccb.org/liturgy/innews/603.shtml+with+either+a+temporary+or+permanent+appointment,+who+is+a+Bishop+and+actually+is+fully+exercising+his+office,+especially+in+spiritual+matters&cd=2&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&source=www.google.com.br

***

Seguindo, então, a fonte oficial, não se mencionará o Administrador Arquidiocesano, o Pe. Antônio Soares Batista (Pe. Tony), na Oração Eucarística.
Deus abençoe o Pe. Tony, nesta vacância, a fim de que prepare nossa Arquidiocese para receber o novo arcebispo.
E que Deus nos dê logo um pastor.

Por Luís Augusto - membro da ARS

Comentários

  1. Bom se os padres soubessem disso, pois já escutei nestes dias um padre mencionar o Pe. Tony na oração eucarística!

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