"Levando-nos para Deus: a Forma Extraordinária do Rito Romano", por Pe. Jeffrey Burwell, SJ

Levando-nos para Deus: 
A Forma Extraordinária do Rito Romano

O Papa Bento XVI promulgou um decreto em julho de 2007, que diz respeito à Forma Extraordinária do Rito Romano, chamada por muitos de Missa Latina Tradicional ou de Liturgia Tridentina. Ele explicou que a antiga liturgia da Igreja, normativa por mais de mil anos até o Papa Paulo VI publicar o novo Missal em 1970, nunca foi abrogada. E mais, ele afirmou que a Missa antiga era parte tão importante da tradição católica que "deve gozar do respeito devido por seu uso venerável e antigo".
Seu documento motu proprio, chamado Summorum Pontificum, e os subsequentes esclarecimentos providenciaram aos sacerdotes uma oportunidade - pela primeira vez em quase 50 anos - de celebrar todos os sacramentos de acordo com a Forma Extraordinária. Junto disso, ele afirmou que eles podem fazê-lo sem necessidade de uma permissão eclesial de bispos ou superiores religiosos.
Reconhecendo que a Forma Extraordinária tornou-se uma opção legítima para os fiéis católicos romanos, os Arcebispos de São Bonifácio e Winnipeg trabalharam juntos em 2011 para estabelecer uma paróquia das dioceses conjuntas que pudesse celebrar exclusivamente os sacramentos de acordo com a Forma Extraordinária. Convocando a Companhia de Jesus para ajudar nesta empreitada, os dois arcebispos perguntaram ao Pe. Jim Webb, SJ - na época Provincial dos Jesuítas do Canadá - se os jesuítas de Winnipeg poderia tomar a responsabilidade pela paróquia e administrar os sacramentos na Forma Extraordinária. Para minha alegria, meu nome foi escolhido para este empreendimento.
No decorrer do ano passado, nossa pequena assembleia cresceu exponencialmente. O que começou com algumas poucas famílias, agora inclui indivíduos de todas as idades e condições. Ocasionalmente, alguém pergunta-me o que o povo o que as pessoas acham de atraente na língua latina. A resposta natural e legítima é que a celebração dos sacramentos de acordo com a Forma Extraordinária não é meramente uma questão de linguagem - é uma questão de teologia e de atitude. Com a Missa, apenas para dar um exemplo, eu celebro ad orientem - voltado para a cruz e não para a assembleia. Por causa disso, minha atenção dirige-se muito mais para o sacrifício Eucarístico e bem menos para o que acontece nos bancos da nave.
Junto dos sacramentos, nossa Paróquia da Forma Extraordinária oferece várias oportunidades para se redescobrir as veneráveis tradições da Igreja. Pela primeira vez em quase 50 anos, tivemos uma celebração de Corpus Christi envolvendo um movimento de mais de 200 pessoas pelas ruas. Guiada por 16 coroinhas, nossa procissão com o Santíssimo Sacramento serpenteou por toda a cidade numa manifestação de fé que ninguém via há décadas. Foi - para falar com mais certeza - uma experiência sublime. Foi uma experiência de que todos se lembrarão por muitos anos.
Apesar das muitas graças que vêm da celebração da Forma Extraordinária, as antigas tradições também têm seus críticos. Já ouvi várias pessoas afirmarem que tal mandato litúrgico é retroativo ou contrário ao espírito do Vaticano II. Para esses indivíduos eu frequentemente recordo que a Lumen Gentium - um grande documento do Concílio - afirma que o Santo Padre tem um poder de primazia sobre todos os fiéis que permanece íntegro e intacto. Em virtude de seu múnus, ele tem poder pleno, supremo e universal sobre toda a Igreja. Ele é sempre livre para exercer este poder para tomar decisões.
Sem dúvida, o Santo Padre tinha o completo direito de permitir um uso aumentado da Forma Extraordinária. Aqueles que escolhem fazer uso desta opção sacramental não são menos parte da Igreja Católica Romana do que aqueles que frequentam uma paróquia que faz uso da Forma Ordinária (1970). Como parte da Igreja Católica Romana, somos bem-aventurados por termos duas expressões de um único rito litúrgico. E mais, a sabedoria do Santo Padre levou-o a ver que essas duas expressões "não levarão de forma alguma a uma divisão". Pelo contrário, como ele afirmou claramente, são meramente "dois usos do único rito romano".
A espiritualidade dos Jesuítas tem, de fato, abraçado há muito a noção de tantum quantum - a presunção de que algo é bom e deve ser utilizado tanto quanto isso nos leva para Deus. Ninguém pode corretamente afirmar que a Forma Extraordinária será inicialmente atrativa para todos. Todavia, é uma opção legítima e boa para os católicos romanos na Igreja hoje em dia.
Apoie aqueles que encontram auxílio nas antigas expressões sacramentais da Igreja; se você tiver a chance, vá lá e veja se elas podem dar frutos para você também.

Deus abençoe.

Pe. Jeffrey Burwell, SJ é Vigário Paroquial em São Paulo Apóstolo, Paróquia de Santa Ana. Ele também é Membro da Faculdade no Jesuit Centre for Catholic Studies (Centro Jesuíta para Estudos Católicos) no St. Paul's College (Faculdade de São Paulo) na University of Manitoba (Universidade de Manitoba).


Traduzido por Luís Augusto - membro da ARS

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