Catequese sobre o Santo Sacrifício da Missa, por São João Maria Vianney

Todas as boas obras juntas não têm o mesmo valor do sacrifício da Missa, porque elas são obras dos homens, e a Santa Missa é a obra de Deus. O martírio é nada em comparação; é o sacrifício que o homem faz de sua vida a Deus; a Missa é o sacrifício que Deus faz de seu Corpo e Sangue em favor do homem. Ó, quão grande é um sacerdote! Se ele se compreendesse, ele morreria... Deus lhe  obedece; ele diz duas palavras e Nosso Senhor desce do Céu à sua voz, e encerra-se numa pequena Hóstia. Deus lança um olhar sobre o altar: "É meu Filho bem-amado", diz ele, "em quem eu me agrado". Ele nada pode negar aos méritos da oferta desta Vítima. Se tivéssemos fé, veríamos Deus escondido num sacerdote como a luz por trás de um vidro, como vinho misturado com água.
Após a Consagração, quando seguro em minhas mãos o Santíssimo Corpo de Nosso Senhor, e quando me desanimo, vendo-me digno de nada além do inferno, digo para mim mesmo: "Ah, se ao menos pudesse levá-lo comigo! Com ele o inferno seria doce; estaria contente em permanecer sofrendo por toda a eternidade, se estivéssemos juntos. Mas aí já não seria mais inferno; as chamas do amor apagariam as da justiça". Como isso é belo! Depois da Consagração, o bom Deus está lá como no Céu. Se o homem entendesse bem este mistério, morreria de amor. Deus nos poupa por causa de nossa fraqueza. Um sacerdote, uma vez, depois da Consagração, tinha algum pouco de dúvida se suas poucas palavras poderiam ter feito Nosso Senhor descer sobre o Altar; no mesmo momento viu a Hóstia toda vermelha e o corporal tingido de sangue.
Se alguém nos dissesse: "Em tal hora um morto voltará à vida", correríamos muito depressa para vê-lo. Mas não é a Consagração, que muda pão e vinho em Corpo e Sangue de Deus, um milagre tão maior do que trazer uma pessoa morta à vida? Deveríamos sempre reservar ao menos um quarto de hora preparando-nos para participar bem da Missa; deveríamos aniquilar-nos diante de Deus, a exemplo de sua profunda aniquilação no Sacramento da Eucaristia; e deveríamos fazer nosso exame de consciência, pois devemos estar num estado de graça para podermos participar da Missa adequadamente. Se soubéssemos o valor do Santo Sacrifício da Missa, ou melhor, se tivéssemos fé, seríamos bem mais zelosos para participar dela.
Meus filhos, vocês lembram da história que já lhes contei sobre aquele santo sacerdote que estava rezando por seu amigo; Deus, ao que parece, deu-lhe a saber que ele estava no Purgatório; veio à sua mente que não poderia fazer nada melhor que oferecer o Santo Sacrifício da Missa por sua alma. Quando chegou o momento da Consagração, ele olhou para a Hóstia em suas mãos e disse: "Ó Santo e Eterno Pai, façamos uma troca. Vós tendes a alma de meu amigo que está no Purgatório, e eu tenho o Corpo do vosso Filho, que está em minhas mãos; bem, livrai meu amigo, e eu vos ofereço o vosso Filho, com todos os méritos de sua Morte e Paixão". De fato, no momento da elevação, ele viu a alma de seu amigo subindo para o Céu, toda radiante de glória. Bem, meus filhos, quando quisermos obter algo do bom Deus, façamos o mesmo; depois da Santa Comunhão, ofereçamo-lhe seu Filho bem-amado, com todos os méritos de sua Morte e de sua Paixão. Ele não será capaz de negar-nos coisa alguma.

Fonte: The Blessed Curé of Ars in his catechetical instructions, Instructions on the Catechism, Chapter 10: Catechism on the Holy Sacrifice of the Mass
Tradução por Luís Augusto - membro da ARS

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